Início Especiais Dia do Trabalhador | Profissão de sapateiro resiste a um mundo mecanizado

Dia do Trabalhador | Profissão de sapateiro resiste a um mundo mecanizado 173j5y

Ana Cláudia Eichelberger, da Sapataria Santa Cruz, faz parte de grupo seleto de trabalhadores manuais 5t5g1g

Em um mundo do trabalho cada vez mais mecanizado, é preciso valorizar o trabalho manual: com toda a tecnologia disponível, ainda não existem máquinas que podem reproduzir o toque humano e o cuidado que um artesão ou trabalhador manual pode dar a um item que utilizamos no nosso dia a dia. A proprietária da Sapataria Santa Cruz, Ana Cláudia Eichelberger, de 36 anos, é uma trabalhadora que ainda realiza a restauração de itens que são produzidos em larga escala, e muitas vezes são descartados quando são danificados.

Em uma realidade onde a indústria precisa produzir cada vez mais para seguir lucrando, muitas vezes a qualidade é deixada de lado para dar espaço a produtos de características inferiores em sua resistência. Quanto mais se produz, mais se vende, e em cada item comercializado a mão fria do mercado conquista mais lucro. Esse círculo vicioso de produção desenfreada é danoso ao meio ambiente, gerando cada vez mais resíduos e criando uma massa de trabalhadores que não podem dar-se ao luxo de ter posições de trabalho que lhe tragam uma satisfação maior do que ser a parte viva de uma máquina no chão de fábrica.

Ana destaca que a profissão de sapateiro é bastante recompensadora, por permitir que um item que seria jogado fora possa ter mais utilidade ao seu proprietário, prolongando a vida útil das coisas, um tipo de relação cada vez mais incomum. “É muito gratificante poder ajudar muita gente, em muitas coisas diferentes. Não trabalhamos apenas com calçados, trabalhamos com bolsas, com tudo. Hoje o calçado se tornou muito sintético, se coloca muitas vezes muita coisa fora. Às vezes temos que reconstruir calçados quase que do zero. É um trabalho que requer gostar do que está fazendo. Hoje o cliente está cada dia mais exigente em relação ao acabamento e cuidado. É muito bom ver que a população de Santa Cruz e região é muito consciente de, antes de por fora, querer uma opinião do que o profissional acha e entende se aquilo tem como recuperar”, aponta, reforçando o ditado que, na maioria das vezes, “o barato sai caro”.

Antes de ter seu próprio negócio, Ana Eichelberger trabalhou na Sapataria Rápida Cruz, cujo proprietário desempenhou o ofício de sapateiro por 51 anos até se aposentar. Foi quando Ana assumiu o empreendimento, mudou o nome da empresa, fixou-se no atual endereço, na Rua Coronel Oscar Jost, 973, e manteve uma tradição que, aos poucos, vai se perdendo. Atualmente, sua empresa trabalha na restauração de vários tipos de calçados, bolsas, mochilas, cintos e até malas.

“As profissões como a minha estão terminando. Isso preocupa, pois o pessoal que trabalha aqui são pessoas acima de 40 anos, vai chegar o dia em que essas pessoas vão parar de trabalhar e não vemos pessoas novas se interessando por essa profissão. É um trabalho manual, existe o maquinário para certas coisas, mas o fazer ainda é manual. As pessoas precisam gostar do que fazem”, define Ana.

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