Em 2011 o tabaco teve uma das maiores safras da história, porém a qualidade deixou a desejar, com o agravante de uma taxa cambial desfavorável à exportação. Ainda assim, conseguimos exportar mais que em 2010. Para 2012, pesquisa feita pela PriceWaterhouseCoopers, aponta que os embarques continuarão no sentido ascendente e a exportação poderá bater a casa dos U$ 3 bilhões em divisas, número alcançado somente em 2009. Neste sentido, 2012 tem sido um ano positivo para as indústrias do setor, com uma safra adequada para o campo e equilibrada junto ao mercado externo. Infelizmente, nosso setor não depende apenas dos resultados da safra e da taxa cambial – que mudam conforme o clima, a região e as políticas econômicas dos países. Estamos também à mercê de uma série de medidas que se dizem solidárias ao homem do campo, mas que, na verdade, ameaçam a sobrevivência de milhares de pessoas – no meio rural e nas cidades. A da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) pelo Brasil, em 2005, marcou o início de um empreitada contra o cigarro. O objetivo da CQCT seria o de diminuir o número de fumantes no mundo. Entretanto, as medidas que serão discutidas em novembro deste ano, durante a 5ª Conferência das Partes (COP 5), na Coreia do Sul, já preocupa as entidades vinculadas ao setor, entre elas, o SindiTabaco. Em pauta estarão os artigos 17 e 18, diretamente relacionados com a produção no campo. Apesar de os termos se referirem a alternativas economicamente viáveis, a real pressão será para reduzir a área plantada e diminuir os benefícios dos produtores e das empresas gerados por meio do Sistema Integrado de Produção de Tabaco – o mesmo sistema que está sob a avaliação do Ministério da Agricultura para receber uma certificação mundial inédita, com selo que atesta a qualidade do produto e a garantia que ele foi produzido em condições sustentáveis (econômica, social e ambiental).Somos hoje um dos setores mais envolvidos com os aspectos relacionados à saúde e segurança do produtor e proteção da criança e do adolescente. No último dia 22, iniciamos mais um Ciclo de Conscientização sobre os temas e vamos rodar muitos quilômetros pela Região Sul do Brasil, levando informação aos produtores integrados. Este é o tipo de trabalho que a COP 5 poderá pôr a perder, caso a posição brasileira seja drástica como foi em 2010, após a COP 4, quando o assunto discutido foram os aromatizantes. Em março deste ano, depois de um debate unilateral, a RDC 14 foi publicada e estabeleceu duros critérios para a comercialização de cigarros no País, proibindo ingredientes e alterando 99% das marcas de cigarros consumidas.Estamos alerta para o que está por vir. O Brasil corre o risco de ver sua produção sendo reduzida, bem como os empregos e riquezas dela gerados. E não se iluda: você também é de alguma forma beneficiado com essa riqueza. A economia gerada pelo setor do tabaco movimenta o comércio e o setor de serviços, além de abastecer cofres de todas as instâncias governamentais. Aliás, se a Organização Mundial da Saúde prevê aumento do número de fumantes por vários anos, por que destruir um sistema de produção que funciona e de forma sustentável? Quem está no comando destas mudanças esquece que a lógica da oferta e da procura não vai mudar por decreto: enquanto existirem fumantes, teremos consumo, seja ele contrabandeado ou produzido legalmente por outros países. Esperamos que em 2012 a nossa exportação aponte seu mais novo recorde, possibilitando a manutenção dos empregos e receitas provenientes desta importante cultura. Ademais, parabéns a todas as indústrias da nossa região e Estado, que constroem vidas dignas e riquezas para as comunidades onde estão inseridas. 573o43
Arquivo/RJ
* Presidente do SindiTabaco – Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco